INFÂNCIA DE JESUS O Evangelho Apócrifo de Pedro, chamado o quinto evangelho ou, ainda, Evangelho da Infância, publicado pela primeira vez em 1677, baseado em relatos feitos, supostamente por Maria, mãe de Jesus, ocupa-se longamente dos feitos miraculosos do menino Jesus, que começaram a se produzir ainda no berço, como no capítulo I, cujo título é Palavras de Jesus no Berço: Encontramos no livro do grande sacerdote Josefo que viveu no tempo de Jesus Cristo, e que alguns chamam de Caifás, que Jesus falou quando estava no berço e que disse a sua mãe Maria: — Eu, que nasci de ti, sou Jesus, o filho de Deus, o Verbo, como te anunciou o anjo Gabriel, e meu Pai me enviou para a salvação do mundo. Este episódio é mais um ponto de reforço das semelhanças entre as biografias de Jesus, Buda Sakyamuni e Krishna; os dois últimos, em sua cultura de origem [Índia/Tibet/Nepal] também falaram ao nascer retomando, logo depois, o comportamento normal de um bebê recém-nascido.
O PODER DAS FRALDAS Os milagres realizados por Jesus nos quatro evangelhos canônicos são uma gota no oceano de incontáveis prodígios registrados nos apócrifos. Ainda bebê e, portanto, em seu aspecto humano, Jesus fosse supostamente, ainda inconsciente de seus atos, o menino era, em si mesmo, uma criatura milagrosa. São numerosos os casos de leprosos [as] e possessos [as] que foram curados pelo mero contato com as fraldas do garoto ou com a água na qual fora banhado, como nos trechos abaixo: XI. A Cura do Menino EndemoninhadoO filho do sacerdote, acometido do mal que o afligia, entrou no albergue insultando José e Maria, já que os outros hóspedes haviam fugido. Como Maria havia lavado as fraldas do Senhor Jesus e as estendera sobre umas madeiras, o menino possuído pegou uma das fraldas e colocou-a sobre sua cabeça. Imediatamente os demônios fugiram, saindo pela boca, e foram vistos sob a forma de corvos e serpentes. O menino foi curado instantaneamente pelo poder de Jesus Cristo e se pôs a louvar o Senhor que o havia libertado e rendeu-lhe mil ações de graça. EVANGELHO DE PEDRO XVII. Uma LeprosaNo dia seguinte, essa mulher preparou água perfumada para lavar o menino Jesus e após o haver lavado, guardou essa água. Havia lá uma jovem cujo corpo assava, coberto pela lepra branca. Lavou-se ela com essa água e foi imediatamente curada. O povo dizia então: — Não resta dúvida de que José e Maria e essa criança sejam Deuses, pois eles não podem ser simples mortais. Quando eles se preparavam para partir, essa jovem, que havia sido curada da lepra, aproximou-se deles e rogou-lhes que lhe permitissem acompanhá-los. EVANGELHO DE PEDRO Outro evangelho apócrifo rico em detalhes da infância de Jesus Cristo, dos cinco aos doze anos, é o Evangelho de Tomé, datado no século I d.C. . Nos dois evangelhos, de Pedro e Tomé, a figura da criança Jesus surpreende, usando seus poderes com uma imaturidade muito natural para sua faixa etária. Exceto por suas faculdades divinas, Jesus é um menino normal, brinca, briga, desafia a autoridade. Essa humanidade do Cristo menino certamente foi um aspecto dos apócrifos que não interessava e não interessa, à Igreja, divulgar. Escreve Tomé, o Filósofo Israelita
I Eu, Tomé Israelita, julguei necessário levar ao conhecimento de todos os irmãos descendentes dos gentios, a Infância de Nosso Senhor Jesus Cristo e tantas quantas maravilhas ele realizou, depois de nascer em nossa terra. O princípio é como segue. II Esse Menino Jesus, que na época tinha cinco anos, encontrava-se um dia brincando no leito de um riacho, depois de haver chovido. Represando o correnteza em pequenas poças, tornava-as instantaneamente cristalinas, dominando-as somente com sua a palavra. Fez depois uma massa mole com barro e com ela formou uma dúzia de passarinhos. Era um Sabbath e havia outros meninos brincando com ele. Um certo homem judeu, vendo o que Jesus acabara de fazer num dia de festa, foi correndo até seu pai, José, e contou-lhe tudo:— Olha, teu filho está no riacho e juntando um pouco de barro fez uma dúzia de passarinhos, profanando com isso o dia do Sabbath. José foi ter ao local e, ao vê-lo, ralhou com ele dizendo:— Por que fazes no Sabbath o que não é permitido?Jesus, batendo palmas, dirigiu-se às figurinhas, ordenando-lhes:— Voai!Os passarinhos foram todos embora, gorjeando. Os judeus, ao verem isso, encheram-se de admiração e foram contar aos seus superiores o que haviam visto Jesus fazer. EVANGELHO DE TOMÉ
Nos apócrifos, o Deus-menino manifestado no meio dos homens aprende pela experiência e pela educação a controlar sua onipotência: ela tanto mata, quando é injuriado, quanto cura, quando sente compaixão; sobre as coisas do céu, sobre os mistérios do Universo, ele é o mestre entre os mais conceituados professores; sobre as coisas da Terra, pouco sabe em termosprátciso e somente pode aprender na companhia de seus pais e vivendo entre os homens, com um deles, igual a eles.
XLVII. UMA MORTE REPENTINACerta noite, o Senhor Jesus voltava para casa com José, quando uma criança passou correndo na sua frente e deu-lhe um golpe tão violento que o Senhor Jesus quase caiu. Ele disse a essa criança: — Assim como tu me empurraste, cai e não levantes mais. No mesmo instante, a criança caiu no chão e morreu. EVANGELHO DE PEDROXLIX. O PROFESSOR CASTIGADOConduziram-no, em seguida, a um professor mais sábio e assim que o viu. ordenou:— Dize Aleph!Quando o Senhor Jesus disse Aleph, o professor pediu-lhe que pronunciasse Beth. O Senhor Jesus respondeu-lhe:— Dize-me o que significa a letra Aleph e então eu pronunciarei Beth.O mestre, irritado, levantou a mão para bater nele, mas sua mão secou instantaneamente e ele morreu. Então José disse a Maria:— Daqui por diante, não devemos mais deixar o menino sair de casa, pois qualquer um que se oponha a ele é fulminado pela morte. EVANGELHO DE PEDRO
A HISTÓRIA DE JOSÉ, O CARPINTEIRO O livro A História de José, o Carpinteiro, também chamado Atos de São José, um dos textos apócrifos do Novo Testamento, datado no século V da Era Cristã, acompanha a vida de Jesus até os 12 anos, como nos Evangelhos canônicos porém, contém informações adicionais sobre a biografia do tutor terreno de Jesus. O padrasto de Jesus era viúvo quando foi escolhido para desposar Maria, ele com 90 anos, ela com 12. Do primeiro casamento, tinha quatro filhos [Judas, Justus, James/Thiago e Simão] e duas filhas [Assia e Lydia]. Além destas informações, que complementam os Evangelhos canônicos, o apócrifo descreve a vida de José em idade ainda mais avançada, desfrutando uma extraordinária benção, a de permanecer jovem física e mentalmente até seus últimos dias. Morreu aos 111 anos. Suas palavras finais foram lamentações sobre a condição de fraqueza da carne e o pecado. o relato inclui a visita do Anjo da Morte e do apoio dos Anjos Michael e Gabriel, que apareceram para resgatar o Espírito de José. "E José foi enterrado pelos seus amigos e parentes sem o odor dos mortos"
JOSÉ EDUCANDO JESUS: Tomé reconta a caso do garoto que esbarra em Jesus detalhando a reação da comunidade e a repreensão de José.
IV De outra feita, Ele andava em meio ao povo e um rapaz que vinha correndo esbarrou em suas costas. Irritado, Jesus disse-lhe:— Não prosseguirás teu caminho.Imediatamente o rapaz caiu morto. Algumas pessoas que viram o que se passara, disseram:— De onde terá vindo esse rapaz, pois todas as suas palavras tornam-se fatos consumados?Os pais do defunto, chegando a José, interpelaram-no, dizendo:— Com um filho como esse, de duas uma: ou não podes viver com o povo ou tens de acostumá-lo a abençoar e não a amaldiçoar, pois causa a morte aos nossos filhos.VJosé chamou Jesus à parte e admoestou-o da seguinte maneira:— Por que fazes tais coisas, se elas se tornam a causa de nos odiarem e perseguirem?Jesus replicou:— Bem sei que essas palavras não vêm de ti, mas calarei por respeito a tua pessoa. Esses outros, ao contrário, receberão seu castigo. No mesmo instante, aqueles que havia falado mal dele ficaram cegos. As testemunhas dessa cena encheram-se de pavor e ficaram perplexas, confessando que qualquer palavra de sua boca, fosse boa ou má, tornava-se um fato e convertia-se numa maravilha. Quando José percebeu o que Jesus havia feito, agarrou sua orelha e puxou-a fortemente.O rapaz indignou-se e disse-lhe:— A ti é suficiente que me vejas sem me tocares. Tu nem sabes quem sou, pois se soubesses não me magoarias. Ainda que neste instante eu esteja contigo, fui criado antes de ti. EVANGELHO DE TOMÉ
RESSURREIÇÕES & CURAS XLIV. O MENINO QUE CAIU E MORREUUm dia, o Senhor Jesus estava brincando com outras crianças em cima de um telhado e uma delas caiu e morreu na hora. As outras fugiram e o Senhor Jesus ficou sozinho em cima do telhado. Então os pais do morto chegaram e disseram ao Senhor Jesus: — Foste tu que empurraste nosso filho do alto telhado. Como ele negasse, eles repetiram mais alto:— Nosso filho morreu e eis aqui quem o matou.O Senhor Jesus respondeu:— Não me acuseis de um crime do qual não tendes nenhuma prova. Perguntemos, porém, à própria criança o que aconteceu.O Senhor Jesus desceu, colocou-se perto da cabeça do morto e disse-lhe em voz alta:— Zeinon, Zeinon, quem foi que te empurrou do alto do telhado?O morto respondeu:— Senhor, não foste tu a causa da minha queda, mas foi o terror que me fez cair.O Senhor recomendou aos presentes que prestassem atenção a essas palavras e todos eles louvaram a Deus por este milagre.
X Poucos dias depois, estava um jovem cortando lenha nas redondezas e aconteceu que o machado escapou e cortou a planta do seu pé. O infeliz estava morrendo rapidamente por causa da hemorragia. Sobreveio por isso um grande alvoroço e juntou muita gente. Também Jesus veio ter ali. Depois de abrir espaço à força por entre a multidão, chegou junto do ferido e com suas mãos apertou o pé injuriado do jovem, que num instante ficou curado. Disse então ao rapaz:— Levanta-te já! Continua cortando lenha e lembra-te de mim!
XVII Aconteceu depois, nas vizinhanças de José, que um menino que vivia doente veio a falecer. Sua mãe chorava inconsolavelmente. Jesus, ao tomar conhecimento da dor daquela mãe e do tumulto que se formava, acudiu rapidamente. Encontrando o menino já morto, tocou-lhe o peito e disse: — Pequenino, falo contigo! Não morras, mas vive feliz e fica com tua mãe! No mesmo instante, o menino abriu os olhos e sorriu. Então disse Jesus à mulher: — Anda, pega-o, dá-lhe leite e lembra-te de mim! (EVANGELHO DE TOMÉ)
Os Evangelhos Apócrifos trazem minúcias sobre outros aspectos notáveis da infância de Jesus, como o uso de seu poder [de transubstanciação] no exercício do ofício de carpinteiro. Trabalhando com José, Jesus resolvia qualquer problema de medida, alongando tábuas, igualando tamanhos
XXXVIII. JESUS NA CARPINTARIAJosé ia por toda a cidade, levando com ele o Senhor Jesus. Chamavam-no para que fizesse portas, arcas e catres e o Senhor Jesus estava sempre com ele. E sempre que a obra de José precisava ser mais comprida ou mais curta, mais larga ou mais estreita, o Senhor Jesus estendia a mão e ela ficava exatamente do jeito que queria José, de forma que ele não precisava retocar nada com sua própria mão, pois ele não era muito hábil no ofício de marceneiro. (EVANGELHO DE PEDRO)
Em sua educação formal, e todo menino judeu devia estudar os livros sagrados, à semelhança, mais uma vez, do que aconteceu com o Buda Sakyamuni na infância, foi dispensado por três professores depois que doutos reconheceram nada ter a ensinar ao menino. No Evangelho de Pedro, o debate entre Jesus e os sábios do templo traz informações que não constam nos Evangelhos canônicos e que dão uma dimensão mais precisa do fenômeno intelectual que também se manifestava no pequeno Messias.
L. JESUS, O MESTREQuando contava doze anos de idade, levaram [Maria e José] Jesus a Jerusalém por ocasião da festa e, quando ele terminou, eles voltaram, mas o Senhor Jesus permaneceu no templo, em meio aos doutores, aos velhos e aos mais sábios dos filhos de Israel, que ele interrogava sobre diferentes pontos da ciência, mas também respondia-lhes as perguntas. ...LI. JESUS E O ASTRÔNOMOHavia lá um filósofo, astrônomo sábio, que perguntou ao Senhor Jesus se ele havia estudado a ciência dos astros. Jesus, respondendo-lhe, expôs o número de esferas e de corpos celestes, sua natureza e sua oposição, seu aspecto trinário, quaternário e sêxtil, sua progressão e seu movimento de leste para oeste, o cômputo e o prognóstico e outras coisas que a razão de nenhum homem escrutou.LII. JESUS E O MÉDICOHavia entre eles um filósofo muito sábio em medicina e ciências naturais e quando ele perguntou ao Senhor Jesus se ele havia estudado a medicina, este expôs-lhe a física, a metafísica, a hiperfísica e a hipofísica, as virtudes do corpo, os humores e seus efeitos, o número de membros e de ossos, de secreções, de artérias e de nervos, as temperaturas, calor e seco, frio e úmido e quais as suas influências, quais as atuações da alma no corpo, suas sensações e suas virtudes, a faculdade da palavra, da raiva, do desejo, sua composição e dissolução e outras coisas que a inteligência de nenhuma criatura jamais alcançou. Então o filósofo ergueu-se e adorou o Senhor Jesus, dizendo: — Senhor, daqui em diante serei teu discípulo e ter servo. EVANGELHO DE PEDRO
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