SONETO
Álvares de Azevedo
Já da morte o palor me cobre o rosto,Nos lábios meus o alento desfalece,Surda agonia o coração fenece,E devora meu ser mortal desgosto!Do leito embalde no macio encostoTento o sono reter!... já esmoreceO corpo exausto que o repouso esquece...Eis o estado em que a mágoa me tem posto!O adeus, o teu adeus, minha saudade,Fazem que insano do viver me priveE tenha os olhos meus na escuridade,Dá-me a esperança com que o ser mantive!Volve ao amante os olhos por piedade,Olhos por quem viveu quem já não vive!
quarta-feira, 23 de abril de 2008
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